Miguel Burnier

Estações | Conheça a estação de Miguel Burnier.

Sinopse

Miguel Burnier é um distrito de Ouro Preto. A ferrovia chegou ali no final do século 19, para ligar as então três províncias, Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais. Portanto eram muitos trens que passavam ali diariamente. No mesmo horário chegavam três de uma vez- um vindo de Belo Horizonte, outro de Ponte Nova, e outro de Conselheiro Lafaiete. Ali era o principal ponto de baldeação do Estado. A localidade chamava-se São Julião, padroeiro da capela Calastróis, que ficava na fazenda de Álvares Maciel, pai do inconfidente José Álvares Maciel. O local, desde o século 18, possuía fazendas mineradores e também estava próximo ao Caminho novo e Caminho Velho. Portanto, sempre teve muita importância. A chegada da ferrovia só aumentou a importância estratégica que o local sempre teve. Quando a ferrovia chegou no distrito, atraiu muitas pessoas para a localidade, além de empreendimentos, como o Grande Hotel, que recebia hóspedes do mundo todo; a Usina Wigg, que hoje é o maior sítio arqueológico de siderurgia do mundo. Essa fundição, a Usina Wigg, foi instalada bem próximo à estação ferroviária no início do século XX. E a sua produção era escoada pela estrada de ferro. Em 1911, o lugarejo foi elevado à categoria de distrito e, em 1948, passou a se chamar Miguel Burnier, em homenagem ao então diretor responsável pela construção da ferrovia em Ouro Preto: Miguel Noel Nascentes Burnier. Ele morreu durante a construção da ferrovia, aos 34 anos, acometido por malária. Além da estação Miguel Burnier, o distrito contava com mais três estações: a Crockat de Sá, sentido Rio de Janeiro, que está de pé aguardando uma reforma; sentido Belo Horizonte a próxima estação era Engenheiro Correa, que está abandonada e em ruínas; e sentido ouro Preto estava a estação de Hargreaves, que hoje serve de moradia. O distrito já chegou a contar com cerca de 4 mil moradores, pois a ferrovia, e depois a siderurgia, atraiu muitas pessoas, em um Brasil que não conhecia nem a ferrovia e nem a siderurgia. Não se fabricava produto de ferro por aqui, e a região de Miguel Burnier, que sempre foi rica em minério de ferro, passou a fabricar enxada, foice, colher…todo tipo de material de ferro, que era escoado pela ferrovia. Além do material que saía de Miguel Burnier, muita coisa que vinha do Rio de Janeiro passava por ali, para então ser distribuído para o interior do estado e para São Paulo. A partir da década de 1990 a ferrovia em Miguel Burnier entrou em declínio. Ela veio a fechar definitivamente em 1996, ano em que se cria o Ramal Vitória Minas, e ano também que a siderúrgica Barra Mansa encerra as atividades no distrito. Hoje no local ainda passam trens, mas apenas de carga. O distrito perdeu muito com a saída da ferrovia e dos fornos da Usina de Barra Mansa. De 4 mil habitantes, chegou a cerca de 1 mil habitantes. Hoje Miguel Burnier tem cerca de 200 habitantes, que estão ali resistindo. Resistência porque o local ficou abandonado por anos, até que a empresa Gerdau passou a operar no local, junto com outras empresas de mineração. Mas apesar do empregabilidade que melhorou um pouco, a comunidade ainda se sente carente de transportes, comércios e população cada vez mais escassa. Com o fechamento do ramal de Ouro Preto, a estação ficou abandonada por anos, até ser reformada em 2012. Mas nem todos os termos de compromisso foram cumpridos pelo Ministério Público e pela Prefeitura de Ouro Preto. Hoje a estação está fechada, e não funciona mais como um Centro Cultural, e outros equipamentos do entorno, como o grande Hotel e o antigo dormitório, que juntos formam o Complexo Ferroviário tombado pela prefeitura, não foram restaurados. A impressão que se tem é um distrito fantasma, pois além do patrimônio abandonado, as pessoas estão deixando o local.

Ficha Técnica

Roteiro e Direção: Aline Frazão
Fotografia: Rivadávia Alves
Produção: Raul Richard
Edição e Finalização: Luiz Matoso
Entrevistados: Marco Antônio de Almeida, Antônio Jesus de Lima, Paulo Rogério Lana, Geraldo Magno Vasconcelos, Antônio Xisto, Maria Madalena dos Anjos, Dirce Maria da Silva e Alex Boher

Informações Gerais

Gênero: História
Classificação etária: L - LIVRE
Tags: Turismo