Se para alguns a paixão pelo cinema vem do fascínio pelo movimento ou o deslumbre causado pela plasticidade das imagens, foi o contar histórias que despertou o amor de Helvécio Ratton. Já na infância, antes mesmo do primeiro contato com a sétima arte, o cineasta mineiro, natural de Divinópolis, se deliciava ao ouvir histórias de terror narradas pela cozinheira de sua casa e novelas de rádio. Então, não demorou para que o caminho natural de um contador de histórias nato se concretizasse e Helvécio também começasse a se aventurar no mundo das tramas. O resultado dessa criação repleta do fantástico não é nada tímido. De Menino Maluquinho à O Segredo dos Diamantes, o diretor debruçou o olhar deslumbrado e místico da infância nas montanhas de Minas. Já em filmes como Em Nome da Razão e O Mineiro e o Queijo, refletiu seu engajamento político fruto do exílio no Chile e do contato com o Cinema Novo. Construindo, assim, uma obra verdadeiramente ímpar e muito bem equilibrada que crê na universalidade do cinema. O programa Cinematógrafo, da Rede Minas, dedica seu oitavo episódio da oitava temporada à carreira de Helvécio Ratton. E, para tal façanha, nada melhor do que ir direto à fonte, não é mesmo? Direto do escritório de sua produtora, a Quimera Filmes, Helvécio relata para nós sua história. E nós, como um dia fez o jovem Helvécio junto à cozinheira de seu lar, sentamos e ouvimos encantados.