Uma vez, Paulo Emílio Salles Gomes, um dos nomes mais influentes na história da crítica brasileira, fez uma analogia polêmica. Segundo ele, na época, podia-se falar de Minas Gerais, um estado, nos mesmos termos com os quais se falava do Uruguai, um país, no que tange à tradição de cinema. Ambos tinham uma produção fraca, mas eram um berço esplêndido de pensamento teórico e crítico. Afinal, a Revista de Cinema, promovida pelo CEC (Centro de Estudos Cinematográficos) de Belo Horizonte, revisou e reformulou o próprio método crítico e era a única publicação nacional que rivalizava com as grandes revistas europeias. A produção mineira, então, pode ter demorado a despontar, mas o pensamento analítico esteve presente desde que o primeiro cinematógrafo chegou às terras das montanhas, como mostram textos embrionários de Drummond e Aníbal Machado. Para entender melhor toda essa história, o programa Cinematógrafo, da Rede Minas, preparou um episódio inteiro dedicado à crítica cinematográfica em Minas. Com a ajuda do nosso convidado Paulo Henrique Silva, crítico de cinema, fizemos uma genealogia dessa longa tradição, indo dos primórdios das revistas e jornais até os contemporâneos blogs da web.